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sexta-feira, 26 de março de 2010


Diálogo silencioso entre o Vácuo e o Vázio

Tudo partiu da seguinte frase: "Sentir sede faz parte, e atormenta!" do Caio F. Abreu.

Não disseram nada, nem um "Oi, tudo bom?", apenas fluiram, como um rio que corre dia e noite para abraçar a tsunami mar a dentro...

O Diálogo:

Vázio: Beber alivia.

Vácuo: Depende do que...porque as vezes piora!

Vázio: Água.

Vácuo: Água é sempre bem vinda!! Água benta principalmente!!!

Vázio: Pulsões de Freud!

Vácuo: Lei de Murphy mesmo, né não?

Vázio: Não acho, porque?

Vácuo: As vezes o universo não ajuda e o vento não sopra a favor.

Vázio: É porque é tempo de tempestade, faz parte!

Vácuo: "A tempestade é minha festa!", e qual é a sua?

Vázio: O tempo sombrio, como esse que está agora.

Vácuo: O que acontece quando tempesteia na sombra então?

Vázio: A melhor maravilha que existe! Um momento que não sei se vai pra lugar algum, mas tem somente uma pessoa com você. Você. Você sofre, mas muda. Assim acontece comigo.

Vácuo: E se descobre diante disso? ou redescrobe novamente com outros olhos?

Vázio: Não! Mudar mesmo!! Chamo isso de casulo ou ovo. Descobrir não sei...alguma coisa quem sabe? Acho que isso é a serventia da tristeza.

Vácuo: Mas as borboletas saem de casulos e muito mais belas do que antes! E a tristeza, por sua vez, serve pra colorir o preto e branco!

Vázio: É...pode ser. Talvez!

Vácuo: Talvez num é um pouco abstrato?

Vázio: Não...é certeza o talvez. Talvez vá colorir...nem sempre mudamos pra algo melhor.

Vácuo: Mas isso não é uma visão muito pessimista não?! Ou a puta vestida de verde, chamada esperança, nunca passou por você?

Vázio: Não. É realista. Isso que talvez você esteja vendo é esperar por algo definitivo de uma vez. Não acho que isso ocorra.

Vácuo: Então você acaba de me dizer que não espera por nada, é isso mesmo? Não sofre de expectativa então!

Vázio: No momento não! Posso sofrer em outros momentos.

Vácuo: O que você sente nesse momento então? Exatamente agora!

Vázio: Absolutamente nada...fome. Um pouco de frio.

Vácuo: E o que pode te aquecer numa noite de frio como essa? Além do teu cobertor, é claro!

Vázio: Eu gosto de frio!

Vácuo: Então somos dois! Um bom vinho cai sempre bem! E como está teu coração hoje?

Vázio: Estou com a catexia libidinal formatada.

Vácuo: Traduzindo para a linguagem dos mortais, meu caro!

Vázio: Meu coração não aponta pra ninguém, não tenho mais pensamentos em algo ou alguém. Está vazio.

Vácuo: Não assusta, chegar a conclusão do que você terminou de dizer?

Vázio: Deixa eu ver! Pensando...assusta não! Porque? O que você acha?

Vácuo: Tenho medo de solidão, apesar de sermos naturalmente sós. Nossa única casa é o corpo que temos. Mas mesmo assim lateja de vez em quando, entende?

Vázio: Entendo...acontece. Mas meu momento agora é esse, depois me surge uma pulsão pra ir atrás de outra coisa. Porém, estou mudando meus hábitos.

Vácuo: Mudar faz parte sempre! E o que tem feito pra alimentar teu espírito?

Vázio: Ler revistas de psicanálise...escutando música estranha.

TO BE CONTINUED....

Texto escrito por "bemlongedemim" e "sobreovento"

terça-feira, 16 de março de 2010


Fragmentos de mim mesmo por Caio Fernando Abreu II

"E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta.Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente."Caio F.