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quarta-feira, 26 de maio de 2010


Fragmentos de mim mesmo por Caio Fernando abreu III

"Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pesando coisas sobre o amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal".

segunda-feira, 24 de maio de 2010


One Day (by Bjork)

One day
It will happen
One day One day
It will all come true
One day
When you´re ready
One day One day
When you're up to it
The atmosphere
Will get lighter
and two suns ready
To shine just for you
I can feel it
One day
It will happen
One day One day
It will all make sense
One day One day
You will blosson
One day One day
When you're ready
An aeroplane
Will curve gracefully
Around the volcano
With the eruption that never lets you down
I can feel it
And the beautifullest
Fireworks are burning
In the sky just for you
I can feel it
"Let's have some new cliches!!!"

Há muito mais entre o amor e o ciúme do que uma simples traição...

Catherine Millet gostava de se entregar aos homens. Teve muitos, principalmente em grupos, com a conivência de seu marido. Ela publicou sua experiência num best-seller chamado: A vida sexual de Catherine M., em 2001. Já o esperado sucessor desse relato picante foi surpreendente: chama-se Dia de sofrimento (no Brasil, só em 2009) e narra as dores que sentia, consumida pela angústia da descoberta dos encontros do marido com suas sucessivas amantes. Não se trata de hipocrisía da parte dela nem de cegueira relativa aos seus próprios atos, ela acredita que assumir "uma sexualidade muito livre não nos impede de cair na armadilha assustadora do ciúme e não nos protege de antemão contra a dor que a acompanha".
O ciúme, como bem o prova Catherine, não tem nada a ver com atos nem fatos, faz parte do amor, é fruto das nossas inseguranças mais triviais. Num ataque de ciúme, ficamos obcecados, privados do controle, porque quem dirige a cena é o desespero. A vida perde completamente o sentido, só nos interessa saber se aquilo aconteceu, com quem, quantas vezes, onde. Quanto mais nos aproximamos da mórbida descrição da cena trágica, mais nos movemos em sua direção.
O amor que nos é dedicado faz parte das nossas posses e cuidamos dele como da própria pele! Por isso, se o perdermos, só nos ocorre que ele está nas mãos de outra pessoa, não pode simplesmente desaparecer. Na imagem daquela pessoa que seria o novo alvo desse amor, que antes era nosso, buscamos nos mirar. O que ela tem que eu não tenho?
Objeto de desejo
Mas não é só disso que se nutre essa possessão: a fidelidade não é isenta de tentações, estas se traduzem em fantasias, sonhos eróticos, não necessariamente em atos. Freud explicava que a falta de intimidade com essas tentações, quando não estamos dispostos a admiti-las, produz o aspecto projetivo do ciúme. São esses pensamentos que se amontoam na porta - quando não é admitida sua entrada - que produzem o ciúme projetado, onde os próprios desejos são atribuídos, quer como feitos ou fantasias, ao companheiro. É ele que leva a culpa dos desejos que não admitimos sentir. Desconfie do ciumento: é ele quem está de olho na cerca!
Há ainda outro elemento que compõe o estado de espírito que nos leva a vasculhar bolsos, celulares, e-mails, Orkuts, a travar diálogos detetivescos com amigos. É uma parte difícil de explicar: o aspecto homossexual do ciúme entre os heterossexuais. As insistentes indagações na verdade são em torno da pessoas com quem estaríamos sendo traídos, poís ela nos fascina, ela é o objeto de desejo. É como ela que quero ser quando crescer! Sempre brinco com aquele a quem amo a respeito disso, poís nunca coincidimos em nossos interesses: as mulheres de quem eu fico ciumenta não são aquelas que ele acha atraentes, são as que interessam a mim! É nelas que vejo a mulher de verdade que nunca saberei ser e é nele que projeto minha admiração e meu desejo por elas. Como se vê, há muito mais entre o amor e o ciúme do que uma simples traição...
Texto escrito por: Diana Corso
Publicado na revista TPM em 2008.

quinta-feira, 6 de maio de 2010


A minha paz, a você!

Sabe quando você conhece uma pessoa e inexplicavelmente sente-se acolhido? Foi o que ele sentiu ao conhecer Luíza. Ela tinha uma voz doce, calma e estranhamente encantadora. Possuía olhos claros e coloridos de vida, fios de ouro nos cabelos e a suavidade de uma dama. Carregava a experiência do tempo sob os ombros e a prazerosa angústia dos que querem voar na ponta das asas.
Passavam horas conversando sobre coisas abstratas, sensações, sobre a difícil arte de tentar dar nome ao inominável e riam muito, às vezes da dor, do calor ou do amor.
Vivemos em sociedade, mas isso não quer dizer que somos sociáveis. Já Luíza não, era o oposto de tudo isso, se comovia com a dor dos outros com tanta naturalidade, que ele chegava a ver seus olhos coloridos quase transbordarem, apenas quase. Tinha vontade de abraçá-la, porém lembrava sempre do que sua mãe dizia quando pequenino -" Cuidado filho, uma taça de cristal jamais deve ser segurada com demasiada força, poís ela é naturalmente frágil!" - Então, ele fechava rapidamente os olhos, sem que ela percebesse, e naquele segundo a abraçava. Podia sentir a taça de cristal sem se quer tocá-la.
Passavam dias, semanas sem notícias um do outro, poís ambos tinham muita vida para cuidar e viver também. Retomavam o assunto no instante seguinte quando tornavam a se encontrar. Era sempre esse ritual de admiração, para alguns poderia parecer estranho, até porque gostar despretenciosamente de alguém, como ele de Luíza, gerava inquietação. Mas os pressupostos de uma verdadeira amizade não estão escritos em nenhum manual. Gostar de alguém pelo simples fato de gostar, sem exigir nada em troca é um ato de comunhão. Era o que ele sentia por Luíza, o verdadeiro sentimento de amizade.
Outro dia estavam lembrando de Exupéry e seu Pequeno Príncipe, quando Luíza o surpreende dizendo -"Será que existe algo mais maravilhoso que cativar alguém? Penso que só as pessoas especiais, com muita sensibilidade, conseguem se expor para cativar alguém, ou se doam para permitir que alguém as cative!"
Diante de tamanha demosntração de amizade, ele sente seus olhos transbordarem, como uma represa que se rompe e assim, ele chora. Poís acreditavam que essa era a grande razão do amor pela existência, por amarem tudo nela, a tristeza, a angústia, a alegria no sorriso de uma criança, o começo de uma paixão, a lágrima e o peito dolorido, enfim, a Arte. Poís ambos aceitam a vida incondicionalmente, dizem "sim" a sua totalidade, tanto ao prazer quanto a dor!