Check it out!

terça-feira, 12 de julho de 2011

"SOU NORDESTINA"


VERGONHA QUE NÃO TENHO DE SER NORDESTINA

Sheila Raposo - Jornalista

Cultivado entre os cascalhos do chão seco e as cercas de aveloz que se perdem no horizonte, cresceu, forte e robusto, o meu orgulho de pertencer a esse pedaço de terra chamado Nordeste.

Sou nordestina. Nasci e me criei no coração do Cariri paraibano, correndo de boi brabo, brincando com boneca de pano, comendo goiaba do pé e despertando com o primeiro canto do galo para, ainda com os olhos tapados de remela, desabar pro curral e esperar pacientemente, o vaqueiro encher o meu copo de leite, morninho e espumante, direto das tetas da vaca para o meu bucho.

Sou nordestina. Falo oxente, vôte e danou-se. Vige, credo, Jesus-Maria e José! Proseio com minha língua ligeira, que engole sílabas e atropela a ortoépia das palavras. O meu falar é o mais fiel retrato. Os amigos acham até engraçado e dizem sempre que eu “saí do mato, mas o mato não saiu de mim”. Não saiu mesmo! E olhe: acho que não vai sair é nunca!

Sou nordestina. Lambo os beiços quando me deparo com uma mesa farta, atarracada de comida. Pirão, arroz-de-festa, galinha de capoeira, feijão de arranca com toucinho, buchada, carne de sol... E mais uma ruma de comida boa, daquela que, quando a gente termina de engolir, o suor já está pingando pelos quatro cantos. E depois ainda me sirvo de um bom pedaço de rapadura ou uma cumbuca de doce de mamão, que é pra adoçar a língua. E no outro dia, de manhãzinha, me esbaldo na coalhada, no cuscuz, na tapioca, no queijo de coalho, no bolo de mandioca, na tigela de umbuzada, na orêa de pau com café torrado em casa!

Sou nordestina. Choro quando escuto a voz de Luiz Gonzaga ecoar no teatro de minhas memórias. De suas músicas guardo as mais belas recordações. As paisagens, os bichos, os personagens, a fé e a indignação com que ele costurava as suas cantigas e que também são minhas. Também estavam (e estão) presentes em todos os meus momentos, pois foi em sua obra que se firmou a minha identidade cultural.

Sou nordestina. Emociono-me quando assisto a uma procissão e observo aqueles rostos sofridos, curtidos de sol do meu povo. Tudo é belo neste ritual. A ladainha, o cheiro de incenso. Os pés descalços, o véu sobre a cabeça, o terço entre os dedos. O som dos sinos repicando na torre da igreja. A grandeza de uma fé que não se abala.

Sou nordestina. Gosto de me lascar numa farra boa, ao som do xote ou do baião. Sacolejo e me pergunto: pra quê mais instrumento nesse grupo além da sanfona, do triangulo e da zabumba? No máximo, um pandeiro ou uma rabeca. Mas dançar ao som desse trio é bom demais. E fico nesse rela-bucho até o dia amanhecer, sem ver o tempo passar e tampouco sentir os quartos se arriando, as canelas se tremelicando, o espinhaço se quebrando e os pés se queimando em brasa. Ô negócio bom!

Sou nordestina. Admiro e me emociono com a minha arte, com o improviso do poeta popular, com a beleza da banda de pífanos, com o colorido do pastoril, com a pegada forte do côco-de-roda, com a alegria da quadrilha junina. O artista nordestino é um herói, e nos cordéis do tempo se registra a sua história.

Sou nordestina. E não existe música mais bonita para meus ouvidos do que a tocada por São Pedro, quando ele se invoca e mete a mãozona nas zabumbas lá do céu, fazendo uma trovoada bonita que se alastra pelo Sertão, clareando o mundo e inundando de esperança o coração do matuto. A chuva é bendita.

Sou nordestina. Sou apaixonada pela minha terra, pela minha cultura, pelos meus costumes, pela minha arte, pela minha gente. Só não sou apaixonada por uma pequena parcela dessa mesma gente que se enche de poderes e promete resolver os problemas de seu povo, mentindo, enganando, ludibriando, apostando no analfabetismo de quem lhe pôs no poder, tirando proveito da seca e da miséria para continuar enchendo os próprios bolsos de dinheiro.

Mas, apesar de tudo, eu ainda sou nordestina, e tenho orgulho disso. Não me envergonho da minha história, não disfarço o meu sotaque, não escondo as minhas origens. Eu sou tudo o que escrevi, sou a dor e a alegria dessa terra. E tenho pena, muita pena, dos tantos nordestinos que vejo por aí, imitando chiados e fechando vogais, envergonhados de sua nordestinidade. Para eles, ofereço estas linhas...


P.S.: Faço das palavras acima, minhas também. Sou NORDESTINO com muito orgulho. Orgulho de saber que a verdeira identidade do meu país mora no Nordeste; Orgulho das praias mais lindas do Brasil estarem ao alcance dos meus pés, onde a água do mar é sempre convidativa; Orgulho da hospitalidade desse povo que só pensa em servir bem quem é de fora, por que aqui todo mundo é igual; Orgulho de ser "cabeça-chata", de ser "paraíba" ou qualquer outro adjetivo dessa natureza; Orgulho da culinária mais diversa e saborosa que o Brasil pode oferecer a seu povo. E ainda tem gente que pensa que é mais, que é melhor, que basta ter olhos de cor clara e pela "branca" para poder apontar o dedo na cara de um Nordestino e se achar superior. Para quem pensa assim, eu digo uma coisa: Sejam sempre bem vindos ao Nordeste, ou melhor, ao Paraíso! Venham ver que o céu daqui brilha mais que o daí; que as pessoas daqui são mais felizes que as daí; e vejam com seus próprios olhos que esse bando de gente "feia" que vocês dizem por aí, tratam vocês melhores que as daí!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

UMA HORA PARA A LOUCURA E A ALEGRIA

Uma hora para a loucura e a alegria! Ó furiosos! Oh, não me confinem!

(O que é isto que me liberta assim nas tempestades?

Que significam meus gritos em meio aos relâmpagos e aos ventos rugidores?)


Oh, beber os delírios místicos mais fundamente que qualquer outro homem!

Ó dolências selvagens e ternas! (Recomendo-as a vocês, minhas crianças,

Dou-as a vocês, como razões, ó noivo e noiva!)


Oh, me entregar a vocês, quem quer que sejam vocês, e vocês se entregarem a mim, num desafio ao mundo!

Oh, retornar ao Paraíso! Ó acanhados e femininos!

Oh, puxar vocês para mim, e plantar em vocês pela primeira vez os lábios de um homem decidido.


Oh, o quebra-cabeça, o nó de três voltas, o poço fundo e escuro – tudo isso a se desatar e a se iluminar!

Oh, precipitar-me onde finalmente haverá espaço e ar o bastante!

Ser absolvido de laços e convenções prévias, eu dos meus e vocês dos seus!

Encontrar uma nova relação – desinteressada – com o que há de melhor na Natureza!

Tirar da boca a mordaça!

Ter hoje ou todos os dias o sentimento de que sou suficiente como sou!


Oh, qualquer coisa ainda não experimentada! Qualquer coisa em transe!

Escapar totalmente aos grilhões e âncoras dos outros!

Libertar-me! Amar livremente! Arremeter perigosa e imprudentemente!

Cortejar a destruição com zombarias e convites!

Ascender, galgar os céus do amor que foi indicado para mim!

Subir até lá com minha alma inebriada!

Perder-me, se preciso for!

Alimentar o resto da vida com uma hora de completude e liberdade!

Com uma hora breve de loucura e alegria.

(WALT WHITMAN)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Vale a pena ler e o mais importante, repassar!!



É lamentável , mas infelizmente é verdade...


São Leopoldo tem um dos menores índices de analfabetismo e de mendicância do
país, talvez por causa de homens como este!

EMPRESÁRIO DE SÃO LEOPOLDO

Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul.

Eis o seu desabafo, publicado na revista EXAME:

"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a
vida das pessoas que tocam e fazem este país: investir em Educação é contra
a lei .

Vocês não acreditam?

Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração
de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa.

Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados
Unidos e o Canadá.

Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando
comigo.

Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em
todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um
técnico.

Este ano, um fiscal do INSS visitou a nossa empresa e entendeu que Educação
é Salário Indireto.

Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos
aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários,
acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS.

Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dos meus
funcionários?

Eu honestamente acho que não.

Por isso recorri à Justiça.

Não é pelo valor em si , é porque acho essa tributação um atentado.

Estou revoltado.

Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado
1000 vezes.

O Estado brasileiro está completamente falido.

Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo
básico.

A Constituição diz que educação é direito do cidadão e um dever do Estado.

E quem é o Estado?

Somos todos nós.

Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escola dos
meus funcionários.

Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado.

Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz.

Se essa moda pega, empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão
recuar..

Não temos mais tempo a perder.

As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com a realidade
devem ser revogadas.

A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos
novos tempos.

Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz.

E vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba
a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.

Eu Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito
estudo.

Somente consegui completar o 1º grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no
meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha,
paguei uma escola técnica de eletromecânica.

Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso
de Engenharia Mecânica por falta de tempo.

Eu precisava fazer minha empresa crescer.

Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar.

Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo.

A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários
já estão chegando à Universidade.

O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais.

Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educação poderá
reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe.

Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça.

Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer...

E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa
oportunidade.

O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, que não
teria qualquer aproveitamento prático na nossa Empresa Geremia.

No mínimo, ele trabalhará mais feliz.

Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz.

Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu
dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280
empregados.

Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter
comprado Duas Mercedes.

Teria mandado dinheiro para fora do País e não estaria me incomodando com
essas leis absurdas .

Mas infelizmente não consigo fazer isso.

Eu sou um teimoso.

No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado,
cabe uma outra pergunta.

Quem vai fazer no seu lugar?

Até agora, tem sido a iniciativa privada.

Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o mesmo
tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do
Estado.

As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus
programas educacionais.

Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos de seus
funcionários.

Não é o meu objetivo.

Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito de eventuais
crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso:

as pessoas.

Eu sou mesmo teimoso!...

Não tem jeito...

"No futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo e todos estão
tristes.
Na educação é o 85º e ninguém reclama..."

EU APOIO ESTA TROCA

TROQUE 01 PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

O salário de 344 professores que ensinam = ao de 1 parlamentar que rouba

Essa é uma campanha que vale a pena!

Repasso com solidária revolta!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

"Toda minha saudade e o meu amor de sempre..." C.F.A.


"É difícil suportar
a dor da despedida, principalmente quando a partida, é para nunca mais voltar." (Jair de Assis)

P.S.: A família fica bem mais sem graça agora sem o nosso Wooooody!
E se fez silêncio outra vez... :(