"Provo que a mais alta expressão da dor consiste essencialmente na alegria." (Augusto dos Anjos)
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domingo, 30 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Eu te esperei o ano inteiro
Eu te esperei o ano inteiro.
Cortei o cabelo a cada dois meses, deixei a barba do tamanho da sua tara e me vesti como quem pode ser chamado para um happy hour às 8h da manhã.
Larguei poemas de bar sobre a TV, pastas com todos os meus rascunhos no sofá e uma pilha de livros grifados no chão da sala.
Varri o pó da minha procrastinação para debaixo do tapete.
Queria que você me imaginasse inspirado, escritor em tempo integral, artista vocacionado ao trabalho (em menor escala) e ao sofrimento (em maior escala). Queria te falar sobre como desprezei duas grandes editoras - e como escolhi lançar o meu primeiro romance num esquema de crowdfunding. Queria que pensasse que mesmo sem suas pilhas, cordas, bote salva-vidas ou tranças de Rapunzel maloqueira, eu me mantive na linha, produtivo, atento e esperançoso. Queria que você comprasse essas mentiras como quem se joga numa Black Friday qualquer.
Eu te esperei o ano inteiro.
Deixei o seu disco preferido congelado na vitrola, um vinho tinto envelhecendo no armário e, principalmente, um celular sempre carregado. A cada número desconhecido no visor do Iphone, a certeza de que você havia trocado seus números ou algo assim. Eu imaginei sua voz a cada toque, cada ringtone e cada grito do interfone.
Foi o tempo inteiro com esse barulho na minha cabeça, como se caçambeiros espaciais estivessem tirando todo um entulho romântico de dentro de mim.
Eu te esperei o ano inteiro.
Nos cinemas da cidade, nos seus filmes preferidos, na sétima fileira, com dois sacos de pipoca e uma Coca Zero. Eu também te esperei na frente dos teatros, com meus ingressos de cortesia na mão, meus amigos do ‘meio’, meus papos cabeça, minhas fofocas de camarim, minha coxinha fria, meu abraço falso e meu sorriso amarelo.
Eu te esperei o ano inteiro.
Nos bares mais frequentados, nas trincheiras de garrafas vazias, na conta dividida por oito, na fila do banheiro, na esticada até o ‘pé sujo’ mais suspeito e nos ‘pegas’ que eu dei numa velha amiga sua.
Mas você não veio. Você não bebe mais? Você ainda está viva? Alô!!!
Eu te esperei o ano inteiro.
Sabe aquela expectativa de quem já está há mais de 20 minutos no ponto do ônibus e fica repetindo mentalmente: “o próximo é o meu, o próximo é o meu…” ?
Eu te esperei o ano inteiro.
Como quem espera um lance de sorte, uma obra do acaso, um match no Tinder.
Você era uma pedra que eu havia planejado tropeçar, um atropelamento marcado para o cruzamento mais manjado da cidade. Eu te esperei como quem fica dando sopa para os batedores de carteira na Praça da República.
Eu te esperei o ano inteiro.
Eu te esperei em outras bocas, enrolado em outras línguas, amassando outros corpos contra o meu. Eu te esperei em outras promessas, outras encrencas e até pequenas paixões. Eu te esperei em tudo o que eu menti, inventei ou morri.
Eu te esperei o ano inteiro,
mas foram tantas vidas.
E agora o ano está acabando.
E cadê?
mas foram tantas vidas.
E agora o ano está acabando.
E cadê?
Texto de Gilberto Amendola
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
Gente que acalma a Alma
Tem gente que com a alma acalma.
Acalma a alma de gente sem alma calma.
Tem gente que te faz sorrir em silêncio.
Silêncio de alegria muda que irradia feito luz do dia.
Tem gente que mora longe.
Tão longe que dá pra sentir tão perto.
Tem gente procurando gente feito a gente.
Gente que acalma em silêncio quem mora tão longe da gente.
Nesse mar de gente sem gente,
De gente procurando ser gente,
Eu vivo feliz por encontrar gente que me faz sorridente.
Gente que se faz presente como presente que damos a gente.
Gente que sente que habita um lugar feliz dentro do coração da gente.
Ma Vie
Obs: Esse texto é dedicado as pessoas que mexem com o coração da gente!
terça-feira, 4 de novembro de 2014
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