"Provo que a mais alta expressão da dor consiste essencialmente na alegria." (Augusto dos Anjos)
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Cinco perdidos, um encontro, uma noite e um talvez
De repente estávamos ali, cinco amigos, quase amigos. Digo isso pelo fato de que haviam amigos de muito tempo, de pouco tempo e de poucas horas, mas todos ligados por laços de empatia e vontade de estarem juntos. Se encontraram numa dessas festas, que não deveria nem ser chamada assim: festa. Exatamente porque não havia festa alguma, apenas algumas pessoas dentro de um cubículo, tomando cerveja e ouvindo música no centro da cidade já entregue a putas e bêbados numa noite despretensiosa de sábado. Resolvemos dar uma volta, beber alguma coisa e voltar mais tarde, quando a “festa” já estivesse a todo vapor. Estacionamos, sentamos num desses bares onde sempre tem uma pessoa cantando todos os hits. Pedimos cerveja e conversamos bastante sobre tudo e sobre todos, hora com um, hora com outro, a conversa ia tomando forma e os amigos se sentiam mais leves e felizes sem se quer saberem disso, apenas sentiam...
Horas depois, resolvemos voltar, talvez agora conseguiríamos nos divertir lá. Chegamos e a sensação era de que a tal festa estava mais vazia ainda, ausente de vida e alma, onde apenas o jogo de luz se divertia sozinho oscilando entre o verde, o vermelho e o negro. Conversamos, deliberamos bastante e resolvemos procurar o que fazer em outro lugar, até porque a noite ainda convidava aqueles cinco a curtir mais, a ficarem mais tempo juntos e juntos eles queriam ficar.
O carro cruzava as ruas e avenidas a procura de algo, de alguma coisa, de algum lugar onde pudéssemos continuar. Chegamos num desses bares onde temos o hábito de ir frequentemente, mas nunca numa madrugada de sábado para domingo. Enfim, pedimos mais cerveja e assim ficamos, por mais algumas horas a conversar , a encher os copos uns dos outros, depois fumar um...cigarro. Era como se tivéssemos que saber de tudo, conhecer tudo da vida dos cinco em apenas uma noite e entre risos, e olhares quase que comprometedores, continuamos. Falamos de amor, sexo, drogas, Caio Fernando, morte, vida, começo, fim, filosofia, política, inglês, Europa, expectativas, desejos e vontade...e vontade.
Faltavam alguns minutos para o clarear do dia, a manhã começava a romper a escuridão da noite, quando resolvemos pedir a conta e nos preparamos para ir para qualquer lugar, contanto que continuássemos juntos um pouco mais, e sem perceber... continuamos. Mas para onde iríamos, o que faríamos naquela manhã recém-nascida, não sabíamos. Alguém sugere “ que tal a praia!”. Tomada a decisão, descemos juntos rumo ao mar, melhor opção não poderia existir, a cidade amanhecendo, a praia vazia e os cinco sentados a beira-mar, tomando cerveja, os raios de sol iluminando as faces lindas, cansadas, olhos vermelhos dos cigarros muito, dos muitos brindes, de muito álcool, mas fiéis a vontade de permanecerem juntos. Dentro de pouco tempo, de poucos minutos estaríamos em nossas casas, cada um descansando o corpo morto de sono, deitado cada um na sua própria cama. Mas por enquanto não, por enquanto a brisa do mar soprava todos os bons presságios sobre nós, se nos encontraríamos outra vez, quando, como e entre abraços, e risos, e olhares fomos, cada um para o seu refúgio particular, para o casulo dentro de nós mesmos. Difícil dizer adeus, difícil separar e o número cinco ia perdendo sua forma, seu conteúdo, sua substância e gradualmente passamos a ser quatro, depois três, dois e apenas um. Agora cada um seguia seu rumo para qualquer lugar. Para onde? Não sabíamos ao certo. Apenas a certeza de que em breve, ou não, aqueles cinco se encontrarão novamente e é na expectativa desse novo encontro, que escuto o ponteiro do relógio velho pendurado na parede, quebrar o silêncio, o tic-tac parecia soar cada vez mais alto e como em um ritual qualquer, ou mesmo um mantra, pensava em tudo e em todos que fizeram parte desse passado tão recente. E assim, fui adormecendo, contando silenciosamente os segundos, os minutos, até desaparecer por completo dentro da estranha sensação de se sentir assim...um...dois...três...quatro...cinco...cinco...cinco...cinco...cinco.
Horas depois, resolvemos voltar, talvez agora conseguiríamos nos divertir lá. Chegamos e a sensação era de que a tal festa estava mais vazia ainda, ausente de vida e alma, onde apenas o jogo de luz se divertia sozinho oscilando entre o verde, o vermelho e o negro. Conversamos, deliberamos bastante e resolvemos procurar o que fazer em outro lugar, até porque a noite ainda convidava aqueles cinco a curtir mais, a ficarem mais tempo juntos e juntos eles queriam ficar.
O carro cruzava as ruas e avenidas a procura de algo, de alguma coisa, de algum lugar onde pudéssemos continuar. Chegamos num desses bares onde temos o hábito de ir frequentemente, mas nunca numa madrugada de sábado para domingo. Enfim, pedimos mais cerveja e assim ficamos, por mais algumas horas a conversar , a encher os copos uns dos outros, depois fumar um...cigarro. Era como se tivéssemos que saber de tudo, conhecer tudo da vida dos cinco em apenas uma noite e entre risos, e olhares quase que comprometedores, continuamos. Falamos de amor, sexo, drogas, Caio Fernando, morte, vida, começo, fim, filosofia, política, inglês, Europa, expectativas, desejos e vontade...e vontade.
Faltavam alguns minutos para o clarear do dia, a manhã começava a romper a escuridão da noite, quando resolvemos pedir a conta e nos preparamos para ir para qualquer lugar, contanto que continuássemos juntos um pouco mais, e sem perceber... continuamos. Mas para onde iríamos, o que faríamos naquela manhã recém-nascida, não sabíamos. Alguém sugere “ que tal a praia!”. Tomada a decisão, descemos juntos rumo ao mar, melhor opção não poderia existir, a cidade amanhecendo, a praia vazia e os cinco sentados a beira-mar, tomando cerveja, os raios de sol iluminando as faces lindas, cansadas, olhos vermelhos dos cigarros muito, dos muitos brindes, de muito álcool, mas fiéis a vontade de permanecerem juntos. Dentro de pouco tempo, de poucos minutos estaríamos em nossas casas, cada um descansando o corpo morto de sono, deitado cada um na sua própria cama. Mas por enquanto não, por enquanto a brisa do mar soprava todos os bons presságios sobre nós, se nos encontraríamos outra vez, quando, como e entre abraços, e risos, e olhares fomos, cada um para o seu refúgio particular, para o casulo dentro de nós mesmos. Difícil dizer adeus, difícil separar e o número cinco ia perdendo sua forma, seu conteúdo, sua substância e gradualmente passamos a ser quatro, depois três, dois e apenas um. Agora cada um seguia seu rumo para qualquer lugar. Para onde? Não sabíamos ao certo. Apenas a certeza de que em breve, ou não, aqueles cinco se encontrarão novamente e é na expectativa desse novo encontro, que escuto o ponteiro do relógio velho pendurado na parede, quebrar o silêncio, o tic-tac parecia soar cada vez mais alto e como em um ritual qualquer, ou mesmo um mantra, pensava em tudo e em todos que fizeram parte desse passado tão recente. E assim, fui adormecendo, contando silenciosamente os segundos, os minutos, até desaparecer por completo dentro da estranha sensação de se sentir assim...um...dois...três...quatro...cinco...cinco...cinco...cinco...cinco.
De noite e sem estrelas...
O tempo passa, a dor continua latejando incessantemente e aquela sensação de ontem não sai da minha cabeça, um turbilhão de emoções que pedem para serem vividas ou esquecidas não me deixam dormir. Levanto. Ando pela casa vazia de corpos se movimentando às onze, meia-noite. Não sei bem que horas. Abro a geladeira, bebo água, sento no sofá por alguns instantes, levanto, entro no quarto e pego um cigarro para pensar mais. Fumo. Paranóia delirante. Esqueço temporariamente que sofro. Sorrio até. As vezes da minha dor, as vezes de saudade e as vezes, simplesmente, sorrio. As vezes choro também, para aliviar o peito daquela angústia que corroí tudo por dentro. Pego o telefone, procuro na agenda alguém que possa me ouvir por alguns minutos, mas não me identifico com nenhum dos nomes que correm lista abaixo. Paro, sento, respiro um pouco mais profundamente, abro o guarda-roupas e pego um daqueles santinhos com orações que minha mãe me dera para que os momentos de desespero não parecessem tão cinza. “Amor e frio, neve, neve da minha dor, neve do meu destino! E eu aqui a chorar nesta noite tão fria! Agonia, agonia, agonia, agonia!” Rezo! E mesmo assim continuo me sentindo mal. Será que nada vai fazer passar? Me pergunto dezenas de vezes, choro mais uma vez. Tenho vontade de ligar para...pára! Para você. Prefiro não, sofrer sozinho é melhor do que ouvir palavras monossilábicas do outro lado da linha. Palavras sem emoção, sem o carinho e a excitação do ontem tão recente. Os filtros de cigarro recém fumados denunciavam que o passar das horas eram lentos, como os passos dos fiéis que acompanham o andor na procissão do meu santo em particular. Vou ao banheiro, escovo os dentes, troco olhares intermináveis diante do espelho, meu “personal” terapeuta, lavo o rosto e volto. Fecho a porta, ligo o ventilador, apago a luz e deito na cama fria de calor humano. Aquele mesmo calor que aquecia minha alma nas noites frias de inverno no alto da serra. O som do ventilador faz com que o silêncio pareça canção de ninar. Sinto que adormecerei logo, sinto meus olhos pesarem de sono e aproveito para agradecer por sobreviver a mais uma noite, porque amanhã o sol tornará a brilhar, a vida seguirá seu rumo e outra noite dessas se fará presente, para que eu abra os olhos ao clarear do dia...Amém!
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