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quinta-feira, 6 de maio de 2010

A minha paz, a você!

Sabe quando você conhece uma pessoa e inexplicavelmente sente-se acolhido? Foi o que ele sentiu ao conhecer Luíza. Ela tinha uma voz doce, calma e estranhamente encantadora. Possuía olhos claros e coloridos de vida, fios de ouro nos cabelos e a suavidade de uma dama. Carregava a experiência do tempo sob os ombros e a prazerosa angústia dos que querem voar na ponta das asas.
Passavam horas conversando sobre coisas abstratas, sensações, sobre a difícil arte de tentar dar nome ao inominável e riam muito, às vezes da dor, do calor ou do amor.
Vivemos em sociedade, mas isso não quer dizer que somos sociáveis. Já Luíza não, era o oposto de tudo isso, se comovia com a dor dos outros com tanta naturalidade, que ele chegava a ver seus olhos coloridos quase transbordarem, apenas quase. Tinha vontade de abraçá-la, porém lembrava sempre do que sua mãe dizia quando pequenino -" Cuidado filho, uma taça de cristal jamais deve ser segurada com demasiada força, poís ela é naturalmente frágil!" - Então, ele fechava rapidamente os olhos, sem que ela percebesse, e naquele segundo a abraçava. Podia sentir a taça de cristal sem se quer tocá-la.
Passavam dias, semanas sem notícias um do outro, poís ambos tinham muita vida para cuidar e viver também. Retomavam o assunto no instante seguinte quando tornavam a se encontrar. Era sempre esse ritual de admiração, para alguns poderia parecer estranho, até porque gostar despretenciosamente de alguém, como ele de Luíza, gerava inquietação. Mas os pressupostos de uma verdadeira amizade não estão escritos em nenhum manual. Gostar de alguém pelo simples fato de gostar, sem exigir nada em troca é um ato de comunhão. Era o que ele sentia por Luíza, o verdadeiro sentimento de amizade.
Outro dia estavam lembrando de Exupéry e seu Pequeno Príncipe, quando Luíza o surpreende dizendo -"Será que existe algo mais maravilhoso que cativar alguém? Penso que só as pessoas especiais, com muita sensibilidade, conseguem se expor para cativar alguém, ou se doam para permitir que alguém as cative!"
Diante de tamanha demosntração de amizade, ele sente seus olhos transbordarem, como uma represa que se rompe e assim, ele chora. Poís acreditavam que essa era a grande razão do amor pela existência, por amarem tudo nela, a tristeza, a angústia, a alegria no sorriso de uma criança, o começo de uma paixão, a lágrima e o peito dolorido, enfim, a Arte. Poís ambos aceitam a vida incondicionalmente, dizem "sim" a sua totalidade, tanto ao prazer quanto a dor!

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