Eu fico me lembrando daquele dia que você disse que não tinha jeito da gente ficar junto, Marcel. Lembro como senti alívio de saber que você estava gostando de outra pessoa e que eu finalmente estava livre de você, daquele sentimento escravizante. A gente não nasceu pra ficar junto mesmo.
Eu sei, na hora que a gente se reencontrou eu não quis ficar com você, é verdade, por que quando você queria ficar comigo e foi sincero, já era tarde demais, eu tinha mudado. Só eu sei como foi difícil ficar longe, como eu já estava acostumada a ter você por perto. Você dividia comigo o sorvete e o peso das relações frustradas que tínhamos vivido. Aquele nosso ensaio de namoro foi só mais um, mas eu não conseguia fingir, como você queria, que era só sua amiga. A gente precisava se afastar.
Eu gostava de deitar a cabeça no seu ombro, quando estava ao seu lado e gostava de sentir aquela coisa familiar que se perdeu faz tempo, mas que pareço, cabeça no ombro, por um instante recuperar.
Hoje eu rio, mas na época eu sofria, por que você estava comigo e com as outras, então aprendi te tratar de um jeito que tanto faz. Nunca foi vingança, nem maldade... Só indiferença. A gente fica um tanto indiferente quando aprende a desamar. A gente ficou machucado um do outro. E eu acho tudo isso super descabido de dizer agora, depois de tanta mágoa, mas eu queria me curar.
Hoje eu sei que todo mundo carrega uma dor, por isso fica louco, ressentido, vira bandido, ou vítima. Hoje em dia, eu respeito cada um carregando a sua dor atravessando a Paulista.
Eu nem sei por que estou dizendo tudo isso por telefone... Faz tanto tempo que a gente não se fala, mas o que eu queria mesmo era o telefone da Bárbara. O Gustavo vai dar uma festa na casa de praia dele e eu quero perguntar se posso ir com ela.
(DEISE ANNE RODRIGUES DE SOUZA)
P.S.: Eu me encontro em cada cantinho desse texto, só não me pergunte onde...
Deise, te amo! Te ler é sempre um dos melhores presentes!
Coisa linda! Compartilhar as mazelas e ser lida também é ótimo. Te amo mais e sempre! Beijos
ResponderExcluirCompartilhar mazelas faz parte, é quase dividir o mesmo sorvete...só que com gosto amargo! Te amo!
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