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sábado, 8 de outubro de 2011

Drink the Pain Away

Madame Min: Meu querido, como foi o aniversário ontem?

Rendez-vous: Nada além do esperado, é sempre bom encontrar amigos, beber alguma coisa. O ruim disso tudo é chegar em casa e ficar feito um zumbi.

Madame Min: Somos dois! Uma merda!!!

Rendez-vous: Puta que pariu! To cansado disso, dessa constante que virou minha vida, de ficar sofrendo. Eu penso que eu sou melhor do que isso, pra continuar nesse ciclo vicioso.

Madame Min: Nem sei o que te dizer, pois também estou cansada. Mas que você é bem melhor...é sim!!! É que a vida é sobretudo feita desses momentos também.

Rendez-vous: Isso é uma máxima.

Madame Min: Sabe, as pessoas fingem. Mas a verdade é que nesse mundo estamos afogados em problemas, incompreensões, solidão, angústia...e em determinados momentos nos é permitido ter um alívio qualquer para não enlouquecermos. Se é que a gente já não está...louco!

Rendez-vous: Eu concordo contigo.

Madame Min: Por isso bebemos tanto, fumamos tanto, tomamos tanto comprimidinho. É a soma, e todo mundo tem seu mecanismozinho de escape.

Rendez-vous: É verdade, a gente sai por aí, se diverte, sorrir e ninguém suspeita que voltamos pra casa um lixo.

Madame Min: É, me sinto da mesma forma. É um faz de conta, porque na real as pessoas não querem nem saber da própria dor...quiça da dor do outro. Então a gente fica brincando de vida alegre e feliz, mas quando volta pra nossa intimidade: a realidade nos atropela sem cuspe.

Rendez-vous: Poucos são como nós, e mesmo nos importando não há muito o que fazer além de ser presente, oferecer carinho e o ombro amigo. O problema é quando esse vazio é algo constante.

Madame Min: Me sinto assim. Desisti de terapias, remedinhos, religiões. Busquei tudo que podia pra conter esse vazio e essa falta de sentido...mas nada, nada, nada adiantou.

Rendez-vous: Somos dois, já pensei em cair fora, fazer varias coisas, mas cheguei a conclusão que: já fiz isso antes e não deu certo, todos os fantasmas vão conosco. E longe do mar, as coisas só pioram.

Madame Min: O pior é que eu também fiz essa tentativa.

Rendez-vous: O lance é tentar esquecer. Porém, até quando estamos tentando esquecer, vem um filho-da-puta meter o dedo na nossa cara sem ao menos saber o porque de todos aqueles excessos. Deve pensar que: "estamos fazendo linha!"

Madame Min: Cheguei a conclusão que essa paranóia de saúde e corpo é também um tipo de mecanismo de escape. As pessoas ficam obcecadas por isso, ficam buscando uma ausência de dor que não existe. Mas vou te dizer, queria ter os olhos e a mente mais simples. Queria não ver e não sentir como sinto. Penso que seria mais fácil se eu buscasse apenas o trivial.

Rendez-vous: Concordo! As vezes fico me perguntando se os "seres ignorantes"  não sofrem menos. Quer dizer, sofrem do mesmo jeito, mas não sei se pelos mesmos motivos existenciais que sofremos. É uma dor constante essa, o que me faz pensar que somos suicidas em potencial.

Madame Min: Eu acho que sofrem menos, porque sofrem pelo cotidiano, pelas coisas que vão acontecendo. Já nós, sofremos por esses e outros motivos também. Quero te falar que eu já ultrapassei essa de suicida em potencial por duas vezes. Agora tenho que me controlar porque não quero ir pro Umbral, nem tomar sopa e nem trabalhar no Nosso Lar. (risos)

Rendez-vous: Pelamordedeus: não, não, não!

Madame Min: Porque, pensa comigo, a pessoa morre de sofrer, de trabalhar. Aí morre, né?

Rendez-vous: Morre!

(Marcos Ma Vie)

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