É tudo tão vazio dentro do mesmo
vácuo, que quando abro meus olhos de manhã, tenho a estranha sensação do nada
corroendo minhas órbitas doloridas do choro que vai inundando o espaço distante
entre o céu e o inferno do meu caos particular.
Nada dentro, nada fora, além de
um barulho oco sacudindo as carnes trêmulas. Os músculos se contraem apertando
contra o peito o peso da angústia que corrói pela beirada dos beiços o resto de
calor, e eu aqui tentando ser mais doce, mais leve, menos dolorido.
As noites se tornam cada vez mais
longas, intermináveis até! E no meio daquele nada em preto e branco, eu vou me
aventurando nos riscos e desregramentos de quem não tem muito mais a perder. Pego
o pano de chão, dois terços de madeira, uma faca cega, três quilos de sal
grosso e me preparo pro banquete. Hoje teremos Bullet with butterfly wings,
servido ao molho de água fluidificada com gás. Adoro bolhinhas psicodélicas que
explodem dentro do vazio de mim mesmo e alimentam o ar nas noites frias de
inverno.
Fico escutando a inércia do que
não acontece e presto atenção:
No ar que respiro,
No suor que transpiro,
No perfume que inspiro,
No amor que suplico,
No gozo que suspiro
No exato momento em que expiro.
(Ma Vie)
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