De quatro, de oito, de graça. [[de graça? Nunca!]]
Ativa. Passiva. Totalmente liberal.
Betty topava tudo. Maricona, mariquinha, casal pseudo-hétero, fetichista.
Bicha casada, bicha solteira, bicha velha, bicha nova.
Travequeiro, T-Lover, pornografia, pornochanchada.
Estudante bêbado, transfóbico, homofóbico, vidafóbico.
Taxista machista, fetichista, sensacionalista.
Cafetina louca, mona louca, mona de porre, drogadita, drogadona.
Tudo louca, devassa, travessa!
Todas perturbadas, assanhadas, destruídas.
Todas Almas, todas Vidas, todas desgraçadas, açoitadas, marginalizadas.
Betty topava tudo. Anticoncepcional, Perlutan, Androcur, terapeuta, fonoaudiólogo, silicone industrial, bundão, peitão, corpão, cirurgião, clandestinão, Paraguayão.
DST, AIDS, HIV.
Aquendar a neca, fazer a chuca, 2 anos de SUS, 5 anos de SUS, 20 anos de SUS,
nome social, nome civil, nome da puta que pariu.
Pai filho da puta, Mãe filha da puta, Irmão filho da puta, Irmã filha da puta, Tio filha da puta, Tia filha da puta, Avô filho da puta, Avó filha da puta, Primo filho da puta, Prima filha da puta, Sobrinho filho da puta, Sobrinha filha da puta, Orfanato filho da puta Mundo filho da puta.
Betty topava tudo. Avião, Tailândia, concurso de Miss, vagina recém-feita, marido porta afora
Betty topava tudo. Rejeição Suicídio Sujeição Agressão Depressão
Betty topava tudo.
Betty topava com a Vida, com o Amor, com o Ódio, com Deus, com o Diabo.
Betty topava tudo. Betty era Vida, Betty era Poesia. Betty era Betty E não João ou Ricardo ou Pedro Henrique ou Leonardo ou Maykon ou André ou Daniel Ricardo Martins da Fonseca. Betty era Betty e
Betty topava tudo.
Texto de Alexander Brasil (Poema em homenagem ao Dia Nacional da Visibilidade Trans - 29 de Janeiro)
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